Depois de quatro anos voltei a morar em Prazeres, e hoje vejo uma casa da rua que outrora era pintada com tinta óleo vermelho sangue, mas que hoje mudaram para um verde claro e simpático. Essa mudança aconteceu depois que seu dono, que era pai de santo, morreu recentemente. Talvez ele tenha se inspirado em sua doutrina para pintar a casa daquela cor, ou quem sabe se amostrar, como falam as más linguas. Segundo dizem, era uma pessoa mesquinha e sem fraternidade com as pessoas. E eu concordo.
Meu deus! Ele nem está aqui pra se defender. Na verdade, nem ele e nem o seu egoísmo estão mais entre a gente (que pecado horrivel estou cometendo). Mas falo tudo isso pra mostrar que aquele vermelho imponente e maquiavélico se transformou em um verde tão calmo, tão inofencivo. Do que adiantou chamar um policial só por causa de crianças jogando bola em frente a sua casa Sr. F.? Hoje só tem um vaso de planta, dentre os milheres que o Sr. colocou para competir com o vizinho. Ah, a casa está mais silenciosa, sem aquele som no último volume que incomodava nossa vizinha em estado terminal. A vida é tão curta, e não adiantou nada o Sr. ter levado tudo tão a sério.
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