24.4.08

Meus sonhos são outros

Um dia a professora de teatro nos perguntou o que mais sentíamos saudades da nossa infância. Nem acreditei quando ela fez essa pergunta, porque estava querendo desabafar exatamente isso há tempo. Respondi sem titubear: meus sonhos! Era uma nostalgia incrível que me batia todas as vezes que lembrava de um. Quando os arquivos guardados lá no fundo da minha mente inventavam de dar as caras, eu entrava em transe, sentindo uma sensação absurda. Se aproximava de uma saudade super intensa e violenta. Uma vontade indescritível de estar naquele sonho, naquele instante único. De viver aquele momento inúmeras vezes do mesmo jeitinho. Morar neles pra sempre.
De uns tempos pra cá não sinto mais isso.
Um dia eu perguntei à minha colega do trabalho se ela sentia saudades de algo na infância. Ela respondeu: não! Disse que viveu tudo muito intensamente, e aproveitou o que a vida lhe proporcionou naquela época. E que ainda hoje continua feliz e realizada.
Então para entender o porquê de eu não sentir a mesma nostalgia sonhadora de antes, percebi que, durante a minha complexa adolescência, tentava encontrar alguns instantes de liberdade, felicidade e alegria. E eles estavam justamente nos meus sonhos. Como agora me considero um ser em contínua busca pelas coisas boas da vida, não tenho mais necessidade de me apoiar em ilusões. Já já eu chego no topo da escada.

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