29.8.09

Os Outros

Vejo claramente um menino de blusa verde sentado no chão da facul com as havaianas roxas fora dos pés e lendo uma revista com cara de pseudo cult. Ele deve estar utilizando aquela revista como cano de escape para os problemas de relacionamentos que vem tendo com as pessoas. Também optou pelo silêncio como forma de defesa, preferindo isolar-se das ameaças que vêm sentindo do mundo inteiro. Seu nome é will, faz publicidade e tem 20 aninhos.
É exatamente assim que aquela pessoa que acabou de passar a 2 metros de mim me vê. Eu sei disso porque, recentemente, descobri que posso fazer a mágica de me desprender do meu corpo e encarnar em outra pessoa. Esse outro é capaz de visualizar o contexto em que me encontro, de forma nítida e panorâmica.
Ontem li algo muito interessante na SUPER INTERESSANTE, que me permitiu ligar essa situação com a timidez. Ó:
Medo de passar vergonha em público, de falar algo errado, de virar motivo de chacota, de se expor. De tão preocupados que são com a opinião alheia, acabam desenvolvendo um jeito estranho de se portar. É como se a todo o momento assistissem a um filme da própria vida na cabeça. Cada movimento e cada fala são ensaiados mentalmente, para que na hora que o mundo diga "ação" ele possa representar seu papel com perfeição. Tudo para evitar gafes. O tímido é um fingidor - finge tão completamente que dificilmente age com espontaneidade. E, nessa vida premeditada, acha que todo mundo repara nele também. Com todas as ações voltadas ficticiamente para ele, imagina que tudo conspira para dar errado, numa mistura estranha de narcisismo, insegurança e pessimismo. É aí que o tímido se cala.
A minha timidez chega a esse ponto. Será que esse negócio de me enxergar claramente é o extremo da dissimulação causada por ela? Não sei. Agir assim é meio paranoico. Agora mesmo enxergo alguém sentado na frente de um computador, roendo unhas, com beirut tocando nos fones de ouvido, com ressaca moral e aflito por um medo latente de amar. Que coisa louca. Em outro dia da semana vi um menino na biblioteca, que escreveu uma promessa num papel, rasgou o pedaço no qual estava escrita, amassou e engoliu, suplicando para que seu corpo digerisse aquele desejo de agir com naturalidade com as pessoas.
Eu lembro que um dos meus maiores desejos quando criança era me colocar no lugar de outra pessoa. Transferir pra mim os seus sentidos pra eu sentir suas dores e seus gemidos. Hoje, talvez eu esteja até conseguindo fazer mais ou menos isso. Com exceção de certas pessoas que eu nem sequer consigo entender o que seus lábios declamam pra mim. Ah céus! eu daria tudo pra saber o que se passa na cabeça delas! Talvez eu escreva esse pedido em vários papeizinhos e engula todos.

14.8.09

Amar: sei tudo

O amor é o que de mais perfeito existe. Ele te dar de comer. Ele te dar de beber. Ele te visita. Mas eu não quero mais isso, principalmente depois de ter assistido Moulin Rouge. Eu não quero mais essa venda tola que é colocada aos meus olhos. Eu não quero mais esse amor estético, vulgo, mentiroso e elitizado.

4.8.09

É paixão

O primeiro dia do curso de Publicidade foi incrível. O segundo também.
Isso tudo está me dando muito frio na barriga.

1.8.09

Não quero dinheiro

Jesus, onde eu fui me meter. Tudo bem, eu sei que o curso de Administração é incrível, rico em conhecimentos e bastante importante, tanto pra vida profissional quanto pessoal. Só que eu fico exposto a algumas pérolas ditas por professores.
Pérola 1 - Professor de Tópicos Avançados em Produção: "Sabe qual a diferença entre ser pobre e ser rico? É que o pobre faz o que gosta e o rico faz o que é preciso e se adapta a isso".
Pérola 2 - Professor de Mercado de Capitais: "Quem disse que o dinheiro não traz felicidade? Dinheiro traz felicidade sim, e muita. Quem é que acha diferente aqui?" E não deu chances para possíveis respostas de possíveis aluninhos anarquistas (eu? jamé). E se pelo menos ele tivesse dito que existem coisas que o dinheiro não compra, e que para todas as outras existe o Mastercard ou dinheiro, talvez eu não tivesse implicado com a cara e a filosofia de vida dele. Por sinal, ele só usa camisa da Addidas e sapato da Nike.
É nesse antro de obcecados por dinheiro que eu fui me meter. Eu acredito em outras concepções. Como a que dinheiro só é importante quando ele é a diferença entre ter fome e não ter. Não entre ser alguém ou não ser. E além disso, puta que pariu, quando a gente ama, não pensa em dinheiro. Quando a gente ama, só se quer amar, se quer amar, se quer amar.

Malbec

Eu odeio quando estou perto de qualquer pessoa e ela está usando Malbec. Eu tremo da cabeça aos pés.

Furação Rita C.

Que tempestade foi essa, eim? Quase que eu morria de tanta vontade de fazer sexo. Mas agora estou mais calminho, afinal, depois da tempestade vem a bonança. Mas até esse instinto ninfomaníaco desaparecer naturalmente, as coisas são tão alucinógenas - você se vê fazendo sexo em qualquer canto de parede. Deve ter sido somente mais uma crise normal, frequente e inevitável para quem está em abstinência. Falei do meu contrato de 3 anos de abstinência? Nem beijo durante esse período.
Rá, dizem as más linguas que eu não vou cumprir.